Evolução, características gerais, hábitos de vida e importância ecológica dos anfíbios! #BORAVER!
By Fábio Xavier - 14:16
Hoje no nosso primeiro #BORAVER! (onde iremos mostrar diversas características dos vertebrados) teremos o prazer de apresentar algumas características dos anfíbios para vocês!
EVOLUÇÃO DOS ANFÍBIOS.
Os anfíbios foram os primeiros vertebrados a conquistar a terra firme, pois todas as outras formas de vida dependiam do meio aquático para sobrevivência. De acordo com evidências fósseis datadas em 400 milhões de anos (Período Devoniano), os anfíbios evoluíram a partir dos peixes pulmonados de nadadeiras lobadas semelhantes aos Celacantos, dando origem ao grupo dos tetrápodes, na qual incluem inclusive nós humanos. Cinco espécies de peixes Crossopterygios deram origem aos anfíbios. Inicialmente, os anfíbios eram bastante diferentes de como os conhecemos hoje: a espécie só adquiriu a forma atual há 250 milhões de anos. O recorde de idade da existência dos anfíbios é decorrente do registro de pegadas encontradas no sul do Brasil. O fóssil mais antigo de um anfíbio com a forma atual das rãs (ou sapos), conhecido como Triadobatrachus foi encontrado em excelente estado de preservação, em Madagascar, em uma decomposição de sedimentos datada do Período Triásico a cerca de 225 milhões de anos atrás (Blaustein, et al. 1995).
O mais antigo sapo
conhecido é “Vieraella herbsti” datado do Jurássico Inferior. Sabe-se a
partir das impressões da porção dorsal e ventral que ele tinha cerca de 33 mm.
O Notobatrachus degiustoi do Jurássico médio é um pouco mais
jovem (155-170 milhões de anos e as principais alterações evolutivas nesta
espécie envolve o encurtamento do corpo e a perda da cauda. É provável que a
evolução do Anura moderna foi concluída no período Jurássico. Desde então, as
mudanças evolutivas no número de cromossomos foram realizadas cerca de vinte
vezes mais rápidas em mamíferos do que em sapos, o que significa que a
especiação ocorre mais rapidamente em mamíferos (Wilson et al.1974)
Fósseis de rã
foram encontrados em todos os continentes, exceto na Antártida, mas evidências
biogeográficas sugerem que eles também habitaram a Antártida em uma época de
clima mais quente (Evans et al, 2008)
Os primeiros
grandes grupos de anfíbios surgiram no período Devoniano, a partir de peixes de
nadadeiras lobadas semelhante ao celacanto moderno e peixes pulmonados (Evolution
of amphibians – ver referência) que tinha evoluído barbatanas multi-articuladas
com dígitos que lhes permitiu rastejar ao longo do fundo do mar. Alguns peixes
desenvolveram pulmões primitivos para ajudá-los a respirar o ar quando estava
restritos as poças de águas pobre em oxigênio em pântanos do Devoniano. Eles
também poderiam usar suas barbatanas fortes para içar-se para fora da água
caminhar em terra seca. Eventualmente, suas nadadeiras ósseas evoluíram para
membros e eles se tornaram os ancestrais de todos os tetrápodes, incluindo
anfíbios modernos, répteis, aves e mamíferos. Apesar de ser capaz de rastejar
em terra, muitos destes peixes tetrapodomorphos pré-histórico ainda passaram a
maior parte de seu tempo na água. Eles começaram a desenvolver os pulmões, mas
ainda respirava predominantemente com brânquias (Carroll et al.1977).
Ichthyostega foi
um dos primeiros anfíbios primitivos com narinas e pulmões relativamente
eficientes. Ele tinha quatro membros resistentes, um pescoço, uma cauda com
nadadeiras e um crânio muito semelhante ao dos peixes de nadadeiras
lobadas Eusthenopteron. Anfíbios desenvolveram adaptações que
lhes permitiram ficar fora da água por longos períodos. Seus pulmões melhoraram
e seus esqueletos tornaram-se mais pesados e mais fortes, a estrutura torácica
permitiu que músculos especializados a respiração se fixassem impedindo que ao
sair da água os pulmões ficassem colabados, além de capacitar o aumento do
efeito gravitacional da vida na terra. Eles desenvolveram “mãos” e “pés” com
cinco ou mais dígitos (Clack, 2006), a pele tornou-se capaz de reter fluidos
corporais e resistindo dessecação (Carroll et al.1977), o osso
hiomandibular do peixe na região hióide atrás das guelras diminuíram de tamanho
e se tornou o estribo no ouvido dos anfíbios, muito útil em terra firme
(Lombard & Bolt, 1979). Uma característica comum entre os anfíbios e peixes
teleósteos é a estrutura multi-dobrado dos dentes e do osso supra-occipital
emparelhados na parte de trás da cabeça, nenhum desses recursos que estão sendo
encontrados em outras partes do reino animal. No final do período Devoniano
(360 milhões de anos atrás), os mares, rios e lagos tinham uma gande
diversidade biológica, enquanto a terra era o reino das plantas precoces. No
início do Carbonífero (360 – 345 milhões de anos), o clima se tornou úmido e
quente. Pântanos extensos continham musgos, samambaias e cavalinhas. Artrópodes
evoluíram e invadiam a terra onde eles serviam de alimentos para os anfíbios
carnívoros que começaram a se adaptar ao ambiente terrestre. Não havia outros
tetrápodes sobre a terra e os anfíbios estavam no topo da cadeia alimentar.
Embora equipado com membros e a capacidade de respirar o ar, a maioria ainda
tinha um corpo longo e cauda afilada (Spoczynska, 1971). Eles eram os maiores
predadores terrestres, às vezes chegando a vários metros de comprimento,
predando os grandes insetos do período e os muitos tipos de peixes na água.
Eles ainda precisavam retornar à água para colocar seus ovos. De fato, até
anfíbios modernos também fazem isto, e têm uma fase larval aquática totalmente
com brânquias, como os seus antepassados de peixe. Foi o desenvolvimento do
ovo amniótico, que impede o ressecamento do embrião durante o desenvolvimento,
que permitiu que os répteis emergirem e elevar sua posição dominante no período
que se seguiu.
Durante o Período
Triássico (250 a 200 milhões de anos), os répteis começaram a competir fora os
anfíbios, levando a uma redução no tamanho dos anfíbios e sua importância na
biosfera. De acordo com o registro fóssil, o grupo Lissamphibia, que inclui
todos os anfíbios modernos, e é o único sobrevivente da linhagem, e
ramificou-se a partir dos grupos extintos Temnospondyli e Lepospondyli em algum
período entre o final do Carbonífero e início do Triássico. A relativa escassez
de evidência fóssil impede datação precisa (Carroll et al.1977) mas
o estudo molecular mais recente, baseado em sequencias em multilocus, sugere
uma origem precoce no Carbonífero/Permiano dos anfíbios existentes (San Mauro,
2010).
Apesar
da origem e as relações filogenéticas dos anfíbios serem bastante detalhadas
por paleontólogos e zoólogos, há algumas controversas sobre o modo como os três
principais grupos de anfíbios se relacionam. Uma filogenia molecular realizada
com base na análise de DNAr sugere que salamandras e cecílias
são mais estreitamente relacionados uns com os outros do que
com rãs e que a divergência dos três grupos ocorreu no Paleozóico ou no inicio
do Mesozóico, antes da separação do supercontinente Pangaea e logo após a sua
divergência com o peixe de nadadeiras lobadas. Isso ajudaria a entender a
relativa escassez de fósseis de anfíbios do período antes dos grupos divididos
(San Mauro et al. 2005)
Há grandes lacunas
no registro fóssil, mas a descoberta de um proto- sapo do início Permiano, no
Texas em 2008, forneceu uma luz, com muitas das características de sapos
modernos. A análise molecular sugere que a divergência sapo – salamandra
ocorreu consideravelmente mais cedo do que a evidência paleontológica indica
(Anderson et al, 2008).
Os sapos, rãs e
pererecas são animais de extrema importância para o equilíbrio da natureza:
como vimos, desde o Carbonífero eles controlam a população de insetos, mantendo
esse papel ecológico e servindo de alimento para muitas espécies de répteis,
aves e mamíferos.
Sem os anfíbios se
alimentando de insetos não seria possível controlar doenças como dengue, febre
amarela e malária, que são transmitidas por picadas de insetos. A quantidade de
pragas nas plantações de banana e outras lavouras seriam grandes.
Os sapos, rãs e pererecas devem ser numerosos para
controlar a quantidade de insetos. Poluição, agrotóxicos, desmatamento e
destruição de banhados para formação de lagoas para criação de peixes têm
reduzido a quantidade de anfíbios e, em certas regiões, eles já foram extintos.
Anfíbios -
Características gerais
Principais
Características.
Anfíbios
são vertebrados cuja característica fundamental é o desenvolvimento na fase
larvária em meio aquático e na fase adulta em meio terrestre. As principais
características deste grupo são:
·
A maioria dos anfíbios possui 4 membros pentadáctilos para locomoção
em terra (os gimnofionos como a Caecilia, são ápodos, por involução das patas,
como uma adaptação aos seus hábitos de vida em buracos no solo);
·
Pele úmida e lisa, glandulífera e sem escamas externas, apta
para a respiração cutânea (que nos anfíbios torna-se mais importante que a
respiração pulmonar);
·
Dentes pequenos e esqueleto em grande parte ossificado;
·
São pecilotérmicos (animais de sangue frio);
·
Coração com 3 cavidades: duas aurículas ou átrios e um
ventrículo. O sangue arterial, que entra na aurícula esquerda, e o sangue
venoso, que chega a aurícula direita, vão se juntar ao nível do ventrículo
único. Por isso a circulação destes animais é dita fechada, dupla, porém
incompleta;
·
Presença de entalhe ótico, resultado do desaparecimento do opérculo
que nos peixes protege as brânquias.
Os anfíbios são verdadeiros sensores ambientais, denunciam a
degradação de uma área antes de qualquer outra espécie e, se estudados, global
e sincronicamente, eles têm a capacidade de comunicar o que está acontecendo
com nosso planeta. São como um alerta vermelho (Conservation
International - CI).
Amazônia (não só a brasileira) e a Mata Atlântica, como os biomas mais importantes para a conservação dos anfíbios, por conta da grande diversidade de espécies e alto grau de endemismo (espécies que só ocorrem em um determinado local). Das 600 espécies de anfíbios registradas no Brasil, 455 (76%) existem apenas aqui. Somente na Mata Atlântica, foram catalogadas 372 espécies, sendo 260 (70%) endêmicas (Conservation International - CI).
Um dos motivos da sensibilidade dos anfíbios à saúde do meio ambiente está relacionado a seus diversos modos reprodutivos. Há espécies que depositam seus ovos em meio aquático (água corrente ou parada); em meio semi-aquático (em ninhos de espumas flutuantes ou na vegetação acima d’água); e ainda em ambiente terrestre, no solo da mata. Outros fatores que afetam a atividade reprodutiva dos anuros (sapos, rãs e pererecas) são a temperatura do ar, a quantidade de chuvas, a luminosidade, além da ação humana. Ao menor desequilíbrio em seus habitats naturais, o anfíbios - sobretudo os anuros - reduzem sua capacidade reprodutiva, podendo-se observar o rápido desaparecimento de populações (Conservation International - CI).
Os anfíbios atuais podem ser divididos em três grupos considerados como ordens na sistemática tradicional:
Amazônia (não só a brasileira) e a Mata Atlântica, como os biomas mais importantes para a conservação dos anfíbios, por conta da grande diversidade de espécies e alto grau de endemismo (espécies que só ocorrem em um determinado local). Das 600 espécies de anfíbios registradas no Brasil, 455 (76%) existem apenas aqui. Somente na Mata Atlântica, foram catalogadas 372 espécies, sendo 260 (70%) endêmicas (Conservation International - CI).
Um dos motivos da sensibilidade dos anfíbios à saúde do meio ambiente está relacionado a seus diversos modos reprodutivos. Há espécies que depositam seus ovos em meio aquático (água corrente ou parada); em meio semi-aquático (em ninhos de espumas flutuantes ou na vegetação acima d’água); e ainda em ambiente terrestre, no solo da mata. Outros fatores que afetam a atividade reprodutiva dos anuros (sapos, rãs e pererecas) são a temperatura do ar, a quantidade de chuvas, a luminosidade, além da ação humana. Ao menor desequilíbrio em seus habitats naturais, o anfíbios - sobretudo os anuros - reduzem sua capacidade reprodutiva, podendo-se observar o rápido desaparecimento de populações (Conservation International - CI).
Os anfíbios atuais podem ser divididos em três grupos considerados como ordens na sistemática tradicional:
·
Anuros: não tem cauda no estado adulto (rãs e sapos);
·
Urodelos: possuem uma cauda desenvolvida (salamandras e tritões);
·
Ápodes ou gimnofiónios: não tem patas.
Hábitos
de Vida
Os anfíbios quando novos
vivem na água depois vão para o ambiente terrestre úmido quando adultos.
Esses animais geralmente se alimentam de pequenos mosquitos
Esses animais geralmente se alimentam de pequenos mosquitos
A importância ecológica dos anfíbios
Sapos, rãs e pererecas são muito úteis para o homem e para o
meio ambiente
Quando
vemos sapos, rãs e pererecas dificilmente sabemos da importância desses
anfíbios, que são pertencentes à ordem dos anuros. Como todo animal, eles fazem
parte da cadeia alimentar, se nutrindo de insetos e outros invertebrados. Ou
seja, entre outras coisas, eles são responsáveis pelo controle de diversas
pragas.
Mas
essa não é a sua única função. Atualmente, já se sabe que esses animais são
bioindicadores, ou seja, sua presença num local funciona como indicador de que
o ambiente está em equilíbrio ecológico. “Os anuros são altamente sensíveis às
alterações do ambiente. Por depender de ambientes aquáticos e terrestres em bom
estado de conservação, qualquer alteração na qualidade da água e na temperatura
pode extinguir espécies. Então, quando eles começam a desaparecer algum dano ao
ambiente pode estar acontecendo”, afirma Adelina Ferreira, doutora de biologia
que trabalha com a reprodução dos anuros e professora da Universidade Federal
de Mato Grosso (UFMT).
Não
é só. Estes anfíbios apresentam substâncias em sua pele com funções de
proteção, o que tem atraído a atenção de grandes laboratórios farmacêuticos.
“Os anuros não tem garras nem dentes poderosos, por isso eles usam a secreção
para se proteger de fungos, bactérias, protozoários e de predadores maiores.
São diversas espécies com compostos químicos muito variados, visados para
estudos de substâncias novas que possam servir para várias utilidades”, aponta
Marcos André de Carvalho, doutor em zoologia e professor da UFMT.
O
primeiro passo para entender o potencial dessas secreções é a pesquisa. Os
estudos têm como objetivo detectar as substâncias que estão presentes no corpo
do animal. Para isso, os pesquisadores retiram a pele de alguns anuros e a
dissolvem em produtos químicos.
A
partir desse processo se separa os conteúdos que são interessantes ou
desconhecidos através de análises microscópicas. Após essa separação, são
feitos testes para determinar a reação desses compostos em contato com
bactérias, fungos e células humanas. Tudo com o objetivo de observar a toxidade
e a interação das substâncias.
Para
essa investigação não é necessária uma grande quantidade de anfíbios. Com
poucos exemplares é possível determinar as substâncias presentes, e, a partir
dos dados obtidos, a composição pode ser sintetizada, ou seja, produzida
artificialmente em laboratório. “Uma vez que já tem a substância ela acaba
sendo produzida em laboratório, artificialmente. Na verdade ela só inspira, até
mesmo porque sintetizar fica mais barato do que você criar os animais”,
acrescenta Marcos.
Substâncias promissoras
A
pesquisa para o desenvolvimento dessas substâncias pode levar muitos anos. No
entanto, já se sabe que as secreções dos anfíbios são úteis para diversos
tratamentos medicinais, tendo ativos antifúngicos, analgésicos e anestésicos.
Compostos químicos encontrados em espécies dos gêneros Brachycephalus (sapos
com a coloração predominantemente marrom e alaranjada), Dendrobates (conhecidos
pela cor brilhante), Phyllomedusa (anfíbios
com os dedos reduzidos ou ausentes) e Rana (rãs
que possuem cor verde com manchas pretas) estão sendo amplamente pesquisados.
“Devido aos estudos já se sabe que substâncias dessas espécies poderão atuar,
por exemplo, como substitutas da morfina, no tratamento do mal de Alzheimer, da
doença de Chagas e, até mesmo, no combate ao câncer”, aponta Domingos.
Os Rhinellaschneideri,
conhecidos como sapos cururus, possuem na sua pele dois tipos de esteróides
capazes de matar o parasita causador da leishmaniose e o causador da doença de
Chagas, o Trypanosoma
cruzi. Substâncias das pequenas rãs sul-americanas da família Dendrobatidae, conhecida
como rãs-flecha-venenosas, estão sendo estudadas por serem descritas como
produtoras de uma das toxinas animais mais venenosas. Na América do Sul,
também foram detectados potentes antimicrobianos e cicatrizantes de pererecas
verdes das espécies Phyllomedusa bicolor
(rã Kambô), Phyllomedusadistincta (perereca
macaco), Phyllomedusatarsius (se
assemelham a rã Kambô, se diferenciando por possuir a íris vermelho-laranja com
retículo negro) e Phyllomedusasauvagii(perereca
arborícola).
Patas adesivas
O
fato de a perereca poder subir na parede a vida inteira, sem perder a “cola”
das suas patas, também é algo que vem sendo estudado pelos pesquisadores.
“Imagina, uma perereca gruda na parede, depois pula e gruda de novo. Uma fita adesiva
você usa no máximo duas vezes. Por isso o pessoal está estudando essa adesão
para criar um adesivo que você pode reutilizá-lo várias vezes, o que criaria
uma grande diferença pelo ponto de vista da sustentabilidade”, afirma Christine
Strüssmann, doutora em Biociências e professora da UFMT.
Uma
espécie bem comum em Cuiabá, encontrada também em alguns estados como Pará e
Mato Grosso do Sul, é a Trachycephalus typhonius. Esse anfíbio é conhecido como
perereca cola e vem sendo amplamente estudada. As secreções que ela libera
possuem grande poder de adesão, semelhante a uma cola, que é liberada pelo
animal para sua defesa de predadores e microorganismos. Essa substância vem
sendo pesquisada para servir como cola cirúrgica para órgãos que não podem
sofrer suturas, como, por exemplo, o fígado e o baço.
Em
Mato Grosso, principalmente no Pantanal, se encontra a Pseudisparadoxa,
espécies de perereca conhecida como pé de pato, apelido dado por ser um animal
aquático. Um grupo de pesquisadores indianos descobriu um principio ativo na
pele desse anfíbio que pode oferecer alternativas para o tratamento de
diabetes.
O
grande problema da maioria dessas descobertas, segundo Strüssmann, é a patente
da substância, que geralmente é conquistada por estudiosos estrangeiros. “Os
anuros são uma farmácia viva, com uma utilidade ainda potencial e não real.
Estudos ainda devem ser feitos, mas outros países, por apresentarem mais
recursos e pesquisas, geralmente saem na nossa frente e patenteiam as
substâncias.Nós aqui acabamos tendo que seguir direitos de propriedade de
espécies que são nossas”, acrescenta.
Secreção que fortalece
Os
anuros também são usados em rituais indígenas. A secreção da rã verde
Phyllomedusa bicolor, apelidada de sapo Kambô, é utilizada pelos índios do
katukina, matsésevárias e outras tribos amazônicas como uma substância que
afasta a fraqueza.
Os
índios buscam na floresta o sapo Kambô o irritam para que ele libere o veneno
nas glândulas. Eles retiram esse veneno e colocam em um recipiente. Após seca e
cristalizada, essa secreção é passada na pele dos índios, em pequenos furos
feitos com brasa. Com isso a substância entra rapidamente na corrente
sanguínea, causando diversas reações.
“A
literatura chama os efeitos desse ritual de bebedeira ao contrário. Na hora que
entra em contato com a pele a pessoa sente formigamento, calor e tem muitos
vômitos. Depois, aos poucos, vão melhorando até atingir um estado de
inocuidade, onde a pessoa não sente fome, sede, depressão, não tem problemas de
pele, problemas neurológicos, uma série de coisas. O kambô realmente aumenta a
imunidade”, aponta Strüssmann, que já teve alunos que passaram pela
experiência. Por essas características as secreções dessa rã são muito
utilizadas pelos índios para a caça, já que eles chegam a ficar de 20 a 30 dias
na floresta caçando.
O
princípio ativo presente nos apokambô foi patenteado pelos Estados Unidos, o
que causa problemas em termos de propriedade, de direitos autorais dos índios e
também dos direitos de propriedade das comunidades indígenas. Já se tem
conhecimento que pesquisas estão sendo feitas para descobrir quais substâncias
secretadas pelo sapo aumentam a imunidade, com o objetivo final de utilizá-las
no tratamento de doenças.
A perda de grandes soluções
As
extinções são uma das grandes responsáveis pela perda de muitas substâncias,
que podem até se tornar jamais conhecidas pelo homem.Um exemplo disso é o
Rheobatrachussilus, conhecido pelo nome popular gastric-broodingfrog (“rã de
incubação gástrica”), sapo que possuí uma forma muito peculiar de reprodução. Após
desovar, a fêmea ingeria os ovos, os incubava dentro do estômago, e os filhotes
já saiam metamorfoseados em pequenos sapinhos.
No
período que os ovos ficavam em seu estômago a fêmea produzia alguns hormônios
que impediam que o órgão liberasse ácido gástrico. Esse potencial foi
amplamente estudado do ponto de vista de substâncias que possam servir como
medicamentos anti-úlcera.
Não
foi possível realizar outras pesquisas pelo fato da espécie ser considerada
extinta nos anos 80. Descoberto na Austrália, na década de 70, o anfíbio
desapareceu rapidamente. “O bicho foi fotografado deixando o seu filhote sair
já formado pela boca, o que chamou tanta atenção da parte médica como de
exploradores. Todos queriam ter um bichinho desses para si, e aos poucos os sapos
foram desaparecendo. Em apenas seis anos após ser registrado o animal já havia
desaparecido. Sem contar que a única região que a espécie vivia era voltada
para a mineração, o que acelerou a sua perda de habitat”, aponta Christine.
Os
sapos, as pererecas e as rãs são anfíbios que fazem parte da ordem Anura, que
significa “sem cauda”. O termo anuro é usado para representar esses animais,
que possuem diferenças bem peculiares. Os sapos são animais predominantemente
terrestres, possuem pele rugosa, membros dianteiros curtos e crânio com
ossificação bem evidente. As pererecas são espécies mais arbóreas, que possuem
os membros dianteiros e traseiros compridos e com discos adesivos nas pontas
dos dedos. Já as rãs possuem a pele lisa e úmida e membros traseiros bem
musculosos.
O
estudo com anuros não é recente. Ainda nas décadas de 1930 e 1940 rãs da
espécie Xenopuslaevis foram amplamente utilizadas na Europa, Austrália e
América do Norte em testes de gravidez. “Uma amostra de urina da mulher era
injetada sob a pele do sapo. Caso a mulher estivesse grávida, um hormônio
denominado gonadotrofina-coriônico em sua urina estimularia a fêmea dessa
espécie a desovar”, afirma Domingos de Jesus Rodrigues, doutor em ecologia e
professor da UFMT - Sinop.
Um
dos primeiros ganhadores do Prêmio Nobel, Otto Loewi, teve seu trabalho baseado
nos anuros. Otto foi premiado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1936,
por pesquisar as transmissões dos impulsos nervosos. Para tal descoberta o
pesquisador realizou testes em sapos.
NÓS DO THE VERTEBRATUS AGRADECEMOS MAIS UMA VEZ A SUA ATENÇÃO E ESPERAMOS TER AJUDADO NOS SEUS CONHECIMENTOS SOBRE OS VERTEBRADOS!
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